Devido ao isolamento social imposto pela pandemia do Coronavírus, os estabelecimentos comerciais que não fossem considerados essenciais tiveram que fechar suas portas temporariamente. Com isso, estabelecimentos como bares, restaurantes, casas de shows,  museus e galerias obviamente estão fechados devido à pandemia.

Tem sido um verdadeiro desafio aprender a lidar com as novas regras de isolamento social, e grande parte dos estabelecimentos tem tido que usar a criatividade para ressignificar suas atividades.

Com isso, surgiu um desafio na Internet que se espalhou principalmente por meio do Twitter e Instagram  intitulado Getty Museum Challenge. A proposta do desafio é bem simples: as pessoas devem pegar objetos comuns que tem em sua casa e recriar suas obras de arte favoritas. O desafio surgiu através das redes sociais da galeria de arte J. Paul Getty Museum, daí o nome do desafio.

Os resultados foram divertidíssimos e existem contas do instagram que se dedicam a compilar as melhores e mais criativas imagens em seu perfil.

Confira abaixo :

American Gothic – Grant Wood (via @tussenkunstenquarantine)

 

 

As duas Fridas –  Frida Kahlo (via @tussenkunstenquarantine)

 

Também existe uma conta no instagram em que uma mãe compartilha as recriações de obras de arte com suas duas filhinhas.

Não é uma fofura?

Don Manuel Osorio Manrique de Zuñiga, niño – Francisco de Goya (via @ojyoucindy)

 

Girl With a Pearl Earring – Johannes Vermeer (via @ojyoucindy)

 

O desafio virou uma verdadeira febre e muitas pessoas tem postado suas contribuições por meio do uso da #gettymusemchallenge. Escolas, creches, instituições em geral tem incentivado as pessoas a se divertirem a aprenderem um pouco mais sobre arte nesse período de isolamento. Ao fazer uma rápida pesquisa no google, encontra-se milhares de resultados para “maneiras de se distrair durante a quarentena” e essa dica é mais do que válida.

 

 

Desde muito cedo somos ensinados que devemos esconder nossos defeitos e mostrar ao mundo apenas os pontos positivos. Somos levados a acreditar que a perfeição deve ser buscada de forma incansável. Não basta apenas participar, é necessário ser o primeiro colocado em todos os projetos que nos propomos a realizar. O grande problema disso tudo é que essa cobrança para ser sempre o melhor muitas vezes nos impede até mesmo de tentar. Há quem pense da seguinte maneira: “De que adianta eu começar a tocar guitarra se jamais serei um astro do rock? De que adianta eu escrever um livro se jamais serei um autor best-seller?” Esse pensamento é próprio de quem não aceita a própria vulnerabilidade, que muitas vezes precisamos iniciar um projeto para entender que talvez não aquilo não faça tanto sentido para a nossa vida. Bem sucedido não é somente aquele que é conhecido, que tem vários títulos acadêmicos ou consegue falar mais de sete idiomas diferentes. A definição de sucesso não é unânime; e sucesso e perfeição não são sinônimos de felicidade.

Leonardo da Vinci era um grande polímata, ou seja: ele tinha grande habilidade nas mais diversas áreas do conhecimento. Apesar de ser um gênio em muitas áreas, de acordo com algumas biografias, Da Vinci tinha muita dificuldade em aprender latim, o que era bem fácil para grande parte da população da época. Isso significa que não tem como ser bom em tudo o tempo todo. Existe uma frase que diz: ” Se você julgar um peixe pela sua habilidade de subir em uma árvore, ele vai passar a vida toda acreditando ser estúpido”. É a partir do momento que aceitamos ser vulneráveis, que aceitamos que temos pontos fortes e fracos, que as coisas começam a fluir.

Voltando à Da Vinci, todos sabemos que ele era um grande gênio; mas ao mesmo tempo também era um grande procrastinador. Sua mente fervilhava de ideias e ele adiava seus projetos por achar que nunca estavam finalizados, havia a dificuldade de entregar algo que não estivesse dentro da sua própria definição de perfeição.

Procurando uma definição técnica dessa palavra, temos que: “procrastinar é o ato de adiar algo ou prolongar uma situação para ser resolvida depois”. Ocorre que esse depois nunca chega, a vida continua enquanto deixamos de começar algo por medo de não atingirmos a perfeição. Mas a vida é  justamente sobre ser vulnerável, é sobre se expor aos riscos e aceitar que na maioria das vezes não seremos os melhores. Que é necessário arriscar, expor nosso pontos fracos para poder melhorar. É preciso começar, treinar, se aperfeiçoar, para só então melhorar.

A busca pela excelência não deve ser empecilho para as realizações. Se buscarmos sempre ser o melhor em tudo, então não conseguiremos ser bons em nada. Assim, conclui reforçando a importância de aceitar ser vulnerável, se permitir errar às vezes. A vulnerabilidade e a coragem andar juntas. Somente ao se expor ao risco é que existe a possibilidade de sucesso. Por isso, não tenha medo de começar um projeto, mesmo que no início ele não pareça tão bom. É por meio do risco, e da coragem de se expor a esses riscos que existe o crescimento pessoal.

Com o passar do tempo e a evolução da sociedade, superando questões como machismo e preconceito, a tendência é que cada vez mais as mulheres tenham espaço em todos os segmentos sociais, inclusive na arte; deixando de ser apenas fontes de inspiração e passando a expor suas próprias artes para o mundo. Ainda hoje, a desigualdade de gênero no meio artístico se mostra bem presente, visto que da totalidade das obras em exposição apenas 6% são de autoria de artistas mulheres.

O que não falta são artistas extremamente talentosas, que fazem um trabalho de encher os olhos; mas é necessário que possamos dar mais voz e espaço para as mulheres. No Brasil, as mulheres tem um importante papel na disseminação cultural por meio da arte, e aqui está uma pequena lista com três pintoras brasileiras que muitos contribuíram para a formação artística no país.

 

  • TARSILA DO AMARAL

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Provavelmente o primeiro nome que se vem à cabeça ao pensar em artista brasileira seja o de Tarsila. Ela nasceu no dia 1 de setembro de 1886 em Capivari, São Paulo e veio  de uma família bem influente e abastada da região. Começou seus estudos em São Paulo, depois indo para Barcelona, e posteriormente para Paris, ingressando na Academia Julian: uma escola de pintura e escultura.

Tarsila tem um papel muito importante para a primeira fase do modernismo no Brasil, junto a artistas como Anita Malfatti, Oswald de Andrade e Mário de Andrade. Suas obras buscaram enfatizar o nacionalismo, a valorização dos aspectos do clima e natureza predominantes no território brasileiro. Deu início ao movimento antropofágico através de sua célebre obra Abaporu (o homem que come), o nome da obra faz alusão ao próprio movimento cujo objetivo seria o de “comer” a valorização da cultura europeia e dar evidência para a valorização da cultura e elementos brasileiros.

A obra Abaporu que foi pintada como presente de aniversário para Oswald de Andrade, marido de Tarsila à época; e que se tornou o símbolo do movimento antropofágico no Brasil.

Em 1933 Tarsila produziu outra obra de destaque intitulada Operários, marcando uma nova fase de sua carreira, com um viés mais social, retratando as condições dos trabalhadores no início do processo de industrialização do Brasil, sobretudo no estado de São Paulo.

A obra Operários, pintada em 1933 e que tem uma forte crítica social representando a vulnerabilidade e exploração dos trabalhadores. A artista retratou pessoas com os mais diversos tons de pele a fim de representar os imigrantes, e os rostos apáticos demonstram a falta de perspectiva e condições humanas de trabalho a que eram submetidos.

A artista faleceu de causas naturais em janeiro de 1973 aos 86 anos de idade.

 

  • DJANIRA DA MOTTA E SILVA

 

Nascida em 1914 em Avaré, São Paulo, foi uma importante e completa artista brasileira que era ao mesmo tempo: pintora, ilustradora, cenógrafa, gravadora, que teve uma importante contribuição para o movimento modernista no Brasil.

Suas obras são marcadas pela valorização de elementos brasileiros, com muitas cores e traços simplificados. Djanira era uma pessoa muito religiosa e essa característica se mostra bem presente em suas obras como é visto em Senhora Sant’Ana de Pé e Três Orixás.

A obra Senhora Sant’ana de Pé que está no Museu do Vaticano

Ela foi a responsável pelo painel Santa Bárbara, que pertence ao Museu Nacional de Belas Artes; e também teve um mural encomendado por Jorge Amado, intitulado  Candomblé.

Candomblé: O painel encomendado pelo escritor Jorge Amado para sua residência no ano de 1954

 

  • ANITA MALFATTI

Anita foi uma pintora, desenhista, ilustradora e professora nascida em São Paulo no ano de 1889. É um dos nomes mais importantes para a primeira fase do modernismo brasileiro, tendo tido um papel fundamental na Semana de Arte Moderna: uma manifestação artística e cultural que aconteceu no Theatro Municipal de São Paulo entre 11 e 18 de fevereiro de 1922. Essa semana foi de grande importância para trazer uma visão renovada para a arte no Brasil.

A artista nasceu com um defeito congênito no braço e mão direita e por isso, usava a mão esquerda para pintar. Apesar da deficiência, aprendeu a desenvolver a escrita e a pintura com o uso da mão esquerda, vindo a ser uma das pintoras mais lembradas até os tempos atuais. Estudou artes ena Europa e em Nova York, e em suas obras é possível perceber vários elementos do expressionismo, e posteriormente, passou a adotar uma estética mais condizente com o movimento modernista.

A obra ” A boba” tem elementos da fase expressionista da artista, com alguns elementos do cubismo. Essa obra é considerada um dos pontos altos da manifestação artística de Anita.

A influência da artista para a pintura é presente até os dias atuais. Ela possui obras expostas nos principais museus brasileiros: Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo e no Museu Nacional de Belas-Artes.